sábado, 1 de outubro de 2016

Rigatoni al pomodoro e basilico, per favore!


#migo

Bora acordar que hoje é dia de maldade, hoje é dia total. É dia de passear por Roma e entrar no transporte público sem validar o bilhete e se o fiscal entrar fingir que não sabia que tinha que ter validado. Dia de fingir que não fala italiano quando os ambulantes te param pra vender as coisas. É dia de entrar na frente das fotos dos turistas porque é um saco ficar dando licença quando a gente quer ficar observando os monumentos. Dia de demorar 5 minutos no Buraco da Fechadura mesmo com uma fila quilométrica esperando pra ver o que tem do outro lado. Dia de marcar encontro de tarde com um italiano e chegar atrasada.

Circo Massimo e lá no fundo o Palatino


Uma refeição de graça por dia
Ponyta, 35, é um gato. Elegante, pomposo, bem vestido. Mais gato pessoalmente que na foto, até. Uma graça de publicitário, conversa leve e de boas e que atendeu uma ligação no meio do passeio. Deu tempo só do café mesmo (o que ainda me deixa com 100% de aproveitamento no jogo). O telefonema era do escritório, teve de ir trabalhar. Eu até acredito, pois ele não parou de me mandar mensagem chamando pra fazer outra coisa. Mas mal sabe Ponyta que nessa Roma tá cheio de Pokemón novo para eu capturar...

Framboesas são ótimas para amansar pokèmons selvagens!

No dia de maldade dia total a senhora das tralhas ataca novamente. Queria eu, na verdade, ter carregado mais tralha pra casa. Foi um sucesso na Flying Tiger (até trena, colher de medida, bomba de bibicleta, balança de banheiro cor de rosa e com elefantes magros desenhados eu comprei). Na hora de encher a sacola de tralha Kiko e tralha Sephora deu ruim. Essas lojas ficaram todas caras, não dá mais pra fazer festa com os trem de lá não. Não tenho mais o direito de exercer minha condição de senhora das tralhas nesses lugares. O negocinho mais barato custa 12 euros! Pense só, coleguinha. Saí de mão vazia e espero achar uma loja de maquiagens que me faça feliz e cheia de tralha por pouco. O golpe tá é em toda parte.

No mais, Roma não combina com chuva. Eu não combino com chuva em Roma e um sorvete de chocolate incrivel com gosto de Danette se vende no Trastevere. Trastevere é a Savassi de Roma.

Dia 3: 100% de aproveitamento + esperança renovada de que o projeto é promissor!



piadinha italo japonesa

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Dia perdido, Luíza perdida

poesia marginal romana

Achei que com essa coisa de ter um GPS a mão e já conhecer boa parte da cidade me garantisse uma estada tranquila sem me perder por lugares longíncuos (como aconteceu em 2009 quando cheguei e fui procurar a Universidade Tor Vergata). Achei, né, gente? Achei... De achado só isso porque de resto fiquei foi perdidinha mesmo. Foi na região de Ponte Mammolo, que é mais pra fora do centro. Bem mais. E é onde eu teoricamente iria ter minha aula de cozinha vegana, numa escola de cozinha amadora chamada TuChef. No programa do curso tinha leites vegetais, seitan e muscolo di grano, lasanha vegana. Estava empolgadíssima, mas deu tudo errado. O curso seria só mais pra frente, mas eu precisava passar lá rápido pra pagar. Então foi o que fui fazer na manhã de sexta-feira! Depois de caminhar por horas pela BR (ou seria IT?) pelo lado errado - culpa do GPS e toda a minha confiança nele - achei o lugar e tive a notícia de que o curso foi adiado. Não um dia, nem uma semana. Pra mais de mês. Ou seja, nenhum curso pra Luíza Glória. Uma pena. Perdi uma manhã para achar o lugar (poderia estar passeando pelo centro lindo centro) e perdi a oportunidade de aprender a fazer umas coisas bem legais. Acontece. Vida que segue. Vamos lá pro Eataly pagar os outros cursos de cozinha que pretendo fazer: pães e massas. Eh... Acho que não será bem assim também não! Como não podia fazer o pagamento estando no Brasil, minha reserva não foi feita de fato. E acabaram as vagas do curso de pães. Deu certo, porém, com o de massas e com o de confeitaria vegana desse lugar. Vabbè... Me viro com o que dá. Importante é saber por a mão na massa mesmo! Mas esse lugar já não é mais longe e tal. É, inclusive, pertinho de  um monumento bem particular de Roma.

Uma pirâmide.

Um pouquinho do Egito pertinho de você!

Construída mais ou menos no ano 12 A.C., 36m de altura, era a tumba de Gaio Cestio (muito prazer), feita com mármore de Carrara. Ninguém me contou isso não. Olhei na Wikipedia mesmo. Agora vamos parar com isso que tem mais o que interessa para escrever aqui.

"Encha o copo que está vazio, esvazie o copo que está cheio. Nunca o deixe vazio, nunca o deixe cheio."

Que frase convidadita de Edgard Allan Poe para se abrir um cardápio de um restaurante, não é mesmo? Sentei para jantar sozinha logo aqui embaixo de casa mesmo. Um restaurante que passava em frente todos os dias e nunca tinha sentado pra comer. A ideia é bem essa: fazer tudo aquilo que só imaginava, mas não fiz em Roma. E a regra é outra agora, e a regra é clara: gaste o que tiver de gastar. A dívida se paga depois. Enfim. Dessa vez não fui de massa, não. Pedi um segundo prato vegetariano: Polpetone di grão de bico e cenoura com purê de berinjela, abobrinha e creme azedo. Para acompanhar ainda pedi o contorno de Salada de Folhas com azeite aromatizado. Uma taça de vinho que não ficou nunca vazia, nem nunca cheia. E Branco, que é mais magrinho. Sobremesa: Panna Cotta com caramelo e de resultado final uma pessoa de bucho cheio e bem feliz. Fiz questão de registrar esse menu aqui porque um dia vou tentar reproduzir essas coisas todas que tou comendo e que até fazem meus zói fechar.



Uma refeição de graça por dia

Hoje o encontro foi com o Pidgey,31. Fomos num bar aqui pertinho de casa. Pidgey é jornalista de Parma (a cidade do presunto e da Parmiggiana), que trabalha em Milano, está aqui em Roma para fazer um curso de fim de semana e com ZERO interesse em comum com essa pessoa que vos escreve. Não rolou química, não rolou papo, eu passei o tempo todo concentrada na bebida pra passar mais rápido. Sei nem falar mais nada de Pidgey, a não ser que era outra pessoa e não a das fotos do Tinder cuja legenda era "Não sou fotogênico". Alguém precisa dizer pra ele que ele é bem ao contrário. BEM AO CONTRÁRIO!! Pelo menos me embebedei de Spritz. Fino.

Dia 2: 100% de aproveitamento + uma dúvida se esse projeto vai conseguir seguir em frente. Já me deu preguiça pela grande cilada do dia.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

TERZA PUNTATA!

Ano 2016. Já faz um tempinho, eh?
Mas como fiz meu dever de casa quando em Roma, isso é, das outras vezes que passei por aqui deixei na Fontana di Trevi reais, euros, pesos chilenos (tinha achado uma moeda chilena no chão), estou aqui mais uma vez!
Sempre disse que meu sonho era poder frequentar Roma como quem frequenta o Rio de Janeiro. "Vou ali rapidinho, fazer um negócio rapidão", pronto: tou em Roma. Fico muito, muito, mas muito, mesmo, muito feliz que isso (de alguma forma) está acontecendo. Porra... É a terceira vez em Roma e ainda quero vir mais tantas outras! Mas, afinal, o que vim fazer aqui dessa vez? Matar a saudade da cidade? Tá, sim. Mas é que tem mais. Vim pra matar saudade, certamente e primeiramente Fora Temer!, claro, mas aproveitei pra rechear um pouco mais a viagem. Vim para passar 15 dias e estudar Italiano (tanto tempo que não falava nada que já esqueci foi tudo) e vim também para aprender um pouco da arte da culinária italiana (pães, massas, cozinha vegana). Que belo clichê, né? Mas quem disse que eu não amo um clichê?


Fontana di Trevi, esse belo clichê!

Cheguei em plena quinta-feira, no fim do mês, porque a passagem é mais barata quando se voa no meio da semana. As aulas começam segunda, então terei uns dias pra flanar por aí. E como boa leitora de Walter Benjamin que sou, a arte de flanar está em mim e vou compartilhar um pouco dela por aqui.

Clique aqui para a trilha sonora deste momento

Já no primeiro dia nessa cidade loka muito loka  mágica, me lembrei de como foi chegar aqui pela primeira vez. E pela segunda também. Não por que essas memórias têm algo especial de se contar. É que eu senti exatamente a mesma coisa ao ver pela janela do transporte, no trajeto do aeroporto ao centro, os monumentos todos. Lembro de ter me dado um trem, sabe? De ter perdido o ar com a lua, com o Coliseu, Teatro de Marcelo... E hoje estava eu lá, perdendo todo o ar de novo! Como se fosse novidade. Desde então tou rindo de orelha a orelha de contentamento. Tão bom essa sensação de que estou fazendo a coisa certa!... E te falo que eu não entendo as pessoas. Ou esse povo finge costume muito bem ou eu sou bem dal. Me dá uma coisa perto desses trem velho tudo que tem aqui, tipo as ruínas e Coliseu. Fico, além de adimirando grandiosidade da matéria, imaginando aquele povo antigo andando no meio da gente hoje. Roma tem muitos tempos diferentes, num dá pra ser indiferente a isso. Isso interfere mesmo no sentir. No meu, pelo menos... Além de puro clichê eu sou a nata do brega. S2.

Olha, se está lendo isso de pé, pelo celular, meio com pressa, te dou um conselho: senta. Senta que lá vem história e talvez seja longa - mas não desista, que talvez seja boa!

Tu-tururu-tutu-tururu-tutu-tururu-tuturu!

Allora!
Cheguei sem muitos problemas, afinal já sei como funciona o esquema do transporte, já sei onde fica a Termini, sei me localizar, falar italiano suficiente pra me comunicar, essas coisas. Então foi tudo sem traumas por aqui. Aluguei um quarto no prédio do Yellow Hostel, o mesmo hostel que me abrigou em 2009. Legal, né? Sim. E que boa a vida quando tudo funciona! A moça que me alugou é amiga da Concceta e é um amor de pessoa. Anna Solinni ela se chama. E sua filha Chiara. A comida dela é toda fresca e orgânica, ele é vegetariana, pratica Yoga com os amigos em casa toda quinta, tira o sapato pra entrar em casa e está desde sempre me fazendo sentir bem por aqui. Conseguiu Anna! E obrigada por isso. Mais uma manifestação de clichê brega: S2 pra você!
Fato é que tudo mudou muito dos outros anos pra cá. O Yellow era de um lado da rua e agora é de outro. Então eu moro agora de frente pra onde morei em 2009. Tiraram a fontanella de água de frente dele, (queria saber o porquê), tomaram conta de mais dois prédios na rua... O Yellow está crescendo e prosperando. Felicidades, Yellow.
Outra coisa que mudou é a tecnologia disponível. Quando morei aqui há 7 anos não existia 3G. Tinha Wi-Fi, e às vezes escasso! Não tinha essa comunicabilidade toda a todo lugar e muito menos tinha App de paquera, tipo o Tinder e Happn. Como boa comunicóloga que sou, uso tudo isso a meu favor. Criei o projeto: Uma Refeição Grátis Por Dia. Necessidades, gente. Nada além de necessidades... Como funciona esse projeto? Que os italianos não leiam isso, mas vamos lá:

- Italianos usam Tinder
- Italianos gostam de Brasileiras
- Brasileiras (eu) usam Tinder
- Brasileira (eu) gostam de italianos
- Italianos para paquerar convidam meninas pra algo e sempre pagam a conta
- Meninas (eu) tem necessidade de comer todos os dias
- Comida na Itália é medida em Euro
- Euros custam R$4,00 cada

Junte todas essas frases em uma narrativa e sai isso: Usarei Tinder na Itália para conhecer garotos legais e cada dia sairei com um garoto legal diferente e ele me pagará uma refeição e com isso conheço pessoas,  pratico italiano, tenho companhia e economizo em uma refeição a cada dia! Eu sou uma gênia, diz aí! Eu não presto, mas eu sou gênia.
Mal cheguei e já coloquei o plano em prática. A dignidade que me resta quer preservar a identidade dos moços e por isso vou usar apelidos. Usarei nomes de Pokemón porque é outro app que usarei bastante por aqui. Então... Com uma hora em casa já estava de date marcado com Ratatta, 35. Ratatta é gatinho! Arquiteto simpático e gentil fez um belo giro comigo por Roma. Me contou ótimas histórias sobre diversos prédios e que eu não fazia ideia! E eu contei pra ele sobre o Pasquino (que já contei aqui também em 2010! Relembre aqui), que ele nem conhecia. Então rolou uma troca aí, vai... Ratatta me levou para almoçar uma pasta fresca muito delícia e eu o levei para comer Tiramisù. Ele nunca tinha ido ao Tiramisù mais famoso da Itália. O melhor. O rei to Tiramisù. O autêntico. Todos aqueles nomes dos rocamboles de Lagoa Dourada valem para o Tiramisù do Pompi. Levei Ratatta para comer Tiramusì, mas ele fez questão de pagar tudo. Eu não vou reclamar, né? Obrigada Ratatta, você é muito gentil!


O verdadeiro, autêntico, original, rei do Tiramisù!


Ratatta não é daqui de Roma. Ele é da cidade tradicional dos mascarpone. Talvez por isso nunca tenha ligado em provar o melhor, o verdadeiro, autêntico (...) Tiramisù do Pompi. Diz ele que isso lá nem valor tem. Tem pra todo canto e é muito barato, tipo nosso chuchu, que dá na cerca. Cada um tem seu chuchu afinal... Numa longa caminhada revi Piazza della Repubblica (a empresa dele fez o projeto de iluminação dessa praça, que é linda e lindamente iluminada!), Fontana di Trevi (obviamente já deixei reais e euros lá para voltar o quanto antes), Piazza Spagna e Trinità dei Monti (tá limpinha, acabaram de limpar, tá brilhando! Custou 5 milhões de euros a limpeza), Piazza del Popolo (tava rolando um grande evento da esquerda trabalhista lá. Me senti em casa), Piazza Navona (gostava da bandeirona brasileira nessa praça, na embaixada, mas quis esconder esse símbolo golpista dessa vez), Zona di Augusto, Pantheon, Altare della Patria (Monumento a Vittorio Emanuelle) e tantas outras coisas que nem lembrar eu lembrava! Olha... Te conto que conhecer todos esses monumentos e lugares é muito legal, mas suspeito que rever tudo isso é ainda mais interessante! Aquela coisa gostosa no coração de quando matamos saudade de algo ou alguém, sabe? É bem isso que estou sentindo! Estou muito feliz de poder estar aqui mais uma vez!

DIA 1: 100% de aproveitamento + uma bela cia descoberta!